quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A hora do pacato cidadão

* Marcos Pennha


Em época de eleição há uma espécie de aguçamento das questões sociais, que estão intimamente ligadas às políticas. É o momento em que são discutidos temas cruciais como saúde, habitação, emprego, segurança, melhor distribuição de renda e tudo o mais. A maior parte da população vive desiludida, cada vez mais, com os políticos partidários. E não é para menos.Nos noticiários, muitos casos de corrupção, que freqüentemente ficam por isso mesmo. Até nesse caso, constata-se a desigualdade no tratamento aos infratores. Quando, por exemplo, o sujeito simples, desempregado, entra no supermercado e rouba algum gênero alimentício para saciar a sua fome ou as de sua mulher e de seus filhos, é execrado publicamente. Se ele corre, populares e polícia lhe perseguem. Quando pego, é linchado, preso e obrigado a devolver o produto roubado. Diferente dos grandes infratores do erário. Em primeiro lugar, esses não roubam. Desviam. E por desviarem, não são presos. Caso isso ocorra, ficam em ‘celas’ de luxo, com tudo à disposição, e às vezes por um pequeno período. Não são obrigados a devolver o – digamos assim – ‘desvio’. E, finalmente, se – no caso de representantes públicos - participam de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), estão no direito de não responderem nada, pode?


Bom esclarecer que não há nenhuma intenção de se fazer apologia ao crime por gente de classes menos abastadas. Deve-se sim ajustar as coisas para que não haja injustiça. A lei tem que ser única, válida para todos, indiscriminadamente. Para tal, deve haver a mudança de pensamentos e práticas, primeiramente, do cidadão comum. Pode um eleitor, que negociou seu voto de alguma forma, cobrar do político eleito? Tem que votar conscientemente para ganhar o direito de cobrança às autoridades constituídas.


Ilhéus tá passando por momentos de grande esperança no futuro. São cinco candidatos a prefeito: André Luis (PSOL), Antônio Carlos do Espírito Santo (DEM), Carlos Machado (PR), Newton Lima (PSB)/candidato à reeleição e Ruy Carlos Carvalho (PT). Newton e Ruy pertencem a partidos da base aliada do governador Jaques Wagner (PT). A campanha será polarizada pelos dois, sem querer desmerecer os outros três candidatos.


A partir de janeiro de 2005 a cidade começou a viver momentos de amargura, devido a desastrosa administração do prefeito Valderico Reis, cassado pela Câmara Municipal – num placar de 12 X 1, em Julho/2007. O prefeito eleito terá que se ajustar à nova era. No dia 8 de Julho, a Câmara Municipal aprovou, em segundo turno, a Emenda073, que institui a obrigatoriedade de elaboração e cumprimento do “Programa de Metas” pelo poder executivo. Agora, é lei. Essa lei, inspirada em projetos executados em Bogotá, capital colombiana, em São Paulo e em Ilha Bela (litoral norte paulista), visa incentivar a construção de um processo permanente de desenvolvimento sustentável, aos cidadãos de todos os setores da sociedade, para que sejam garantidos:


· Ambiente salutar de justiça social nos níveis de qualidade de vida.


· Atendimento às legítimas necessidades da população.


· Boas oportunidades de trabalho digno, bem como de crescimento profissional.


· Condições apropriadas para a sua livre manifestação cultural.


Ilhéus é a primeira cidade baiana que tem esse projeto inserido na Lei Orgânica do Município (L.O.M.). Foi um grande passo dado pela sociedade organizada, rumo a verdadeira prática da democracia. A população tem que ficar atenta, vigilante, cobrando dos seus representantes legítimos, sugerindo, opinando. Só assim é possível começar a sonhar com um futuro de justiça social.

* Marcos Pennha é bacharel em Ciências Econômicas. Redige, periodicamente, matérias para o WWW.cdlilheus.com.br , bem como assina uma coluna de humor. É redator do jornal Foco Regional,que tem, também, o WWW.jornalfoco.com.br , além da coluna de humor. Escreve artigos e notas de divulgação para os sites WWW.acaoilheus.org e WWW.r2cpress.com.br

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